A primeira frase que ouvi
dele foi:
_Muito prazer, José Rezende,
mas pode me chamar de Jotabê porque José Rezende é um nome assim... muito
INSS!...
Eu acabara de conhecê-lo, na
Aula Magna, no início do curso na Faculdade de Direito do Catete, em 1972.
Vou
gostar desse cara, pensei com meus botões. E ficamos amigos.
Uma noite ele chegou usando
calça jeans e camisa de abotoar enorme, branca com estampados pretos, meio
aberta no peito para suportar o final de verão no Rio.
Diante dos olhares de
espanto dos nossos colegas de turma que usavam, invariavelmente, terno ou tailleurs,
ele mesmo perguntou e respondeu:
- Gostaram do figurino? Essa
camisa é a última moda na periferia!...
Naquele tempo ele já não se
preocupava muito com elegância no vestir.
Para finalizar a descrição, ele
era magro - como todos nós - e usava bigode com as pontas torcidas e espiraladas, como um jovem Salvador
Dali, mas ele sempre corrigia: Salvador DAQUI...
Completamente apaixonado por
automóveis, de vez em quando me chamava para dar uma volta na Alfa, mas
havia um pré-requisito: O
passeio tinha que ser à (moda) européia, isto é, com o cinto de segurança
afivelado. E lá íamos nós, Mahar ao volante, Paulinho
ao lado e no banco de trás São Cristóvão (Valei-me!!!) e eu, fazer os pneus
cantarem na Estrada das Canoas, à noite. Em alguns trechos ele apagava os
faróis...
O tempo passou e em 1980
reencontrei Jotabê no Arpoador.
Lá ele era o Mahar com a Honda 500 Four
prateada e muitas histórias para contar, falando ou escrevendo. Percebi que ele
era uma das figuras mais conhecidas do motociclismo carioca.
Espirituoso, bem
falante, simpático como sempre, apresentou-me aos amigos e fiquei enturmado. Uma
das primeiras pessoas que conheci através dele foi a Dra.Iaci.
E o Arpoador virou
mania. Era o ponto de encontro da turma o ano inteiro, mas no Carnaval o Arpoador mudava para Cabo Frio, em frente ao
Hotel Malibu.
Em um dos carnavais em
Cabo Frio, almocei na casa dele. A mãe, a “General”, preparou um cozido que
comemos em prato fundo até, literalmente, cairmos, um para cada lado, em sono
profundo. O Telmo, do Museu do Surf, estava nesse rega-bofe.
Em outro carnaval, bem mais recente, no Rio,
ele estava internado por causa da diabetes. No hospital conheci Pierre e Jason.
Foi a única vez que vi Mahar triste.
Depois só estive com ele em aniversários e
festas da turma. Ele já usava a bengala.
Acompanho o blog que tem um estilo
inconfundível. Adoro suas frases criativas, de impacto, mas com absoluta
precisão e bom-humor.
Quanto mais o tempo passa, mais acredito em
reencontros e agora, com a perda do nosso Amigo, só tenho uma certeza:
Ele tem
uma “vaga para carro grande” no meu coração...
Com carinho para José Benedito Rezende, O Grande Mahar
Imagem: Mahar visitando orfanato no Natal - foto Sergio Santos c.1985
Links:
maharpress.blogspot.com/
O amigo Mahar, idealizador e dono do blog Maharpress, se foi. Mas seu trabalho continua como se o blog tivesse piloto automático.
Vídeos no YouTube:
Trecho da matéria sobre o encontro de Águas de Lindóia, exibido em Maio de 2007, pelo programa de Tv A Biela onde o jornalista José Rezende Mahar fala sobre ...
youtube.com
... https://youtu.be/KISA-MeNFiQ
"VISUALIZAR VERSÃO PARA WEB"
NO RODAPÉ DA PÁGINA.
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