quinta-feira, 16 de maio de 2013

Uma declaração de amor... a São Paulo!

Vim para ficar um ano, lá se vão mais de 20

Sérgio de Souza Santos mudou-se para a capital paulista para trabalhar. Trabalhou, conquistou e se apaixonou pela cidade.


Época SÃO PAULO  -  Vida Urbana  -  01/02/2013




Sergio Santos: muito trabalho e muitas oportunidades em São Paulo (Foto: Acervo pessoal)


Mudei para São Paulo num sábado. Cheguei à tardinha e logo na segunda-feira seguinte comecei no meu novo trabalho. Vou ficar um ano para ver se vai dar certo, pensei.

Passaram mais de vinte anos e continuo aqui. Trabalhei com um mineiro, o Edson, mais velho que eu, que repetia a frase “em São Paulo a gente leva o ouro, mas deixa o couro…”.

Trabalho nunca me intimidou e segui em frente. Começou a informatização das empresas e as rotinas no escritório foram sendo modificadas. Quando recebi um microcomputador para trabalhar, eu me senti importante. Depois chegaram os telefones celulares e acabou a privacidade. A nossa vida nunca mais foi a mesma.

Em compensação, depois de um ano e meio de trabalho, tirei as primeiras férias. Nesse período consegui economizar o suficiente para realizar o sonho de conhecer a Europa. Voltei e continuei trabalhando e viajando nas férias, realizando velhos projetos.

No escritório havia horário para chegar, mas não para sair. Levava trabalho para casa nos finais de semana, mas com o tempo comprei o primeiro carro com quatro portas e ar-condicionado. Conquistei o cargo de gerente e a sala individual com nome na porta. E começaram as viagens internacionais a trabalho.

Por causa das diferenças de fuso horário, chegava mais cedo no escritório para falar com clientes e fornecedores europeus e saía mais tarde para poder conversar com os americanos no mesmo dia. Casei com uma colega de trabalho.

Em contrapartida, meu cabelo que era farto começou a rarear, ficou grisalho. Meu peso aumentou e a pressão arterial também. A partir de um determinado momento entendi o significado da palavra estresse.

Hoje, lembrando da época em que me mudei para São Paulo, confesso que não demorou muito tempo para me adaptar. Numa outra tarde, parado no trânsito, eu enxerguei uma lua enorme, cor-de-rosa, sobre o Jockey Clube. O céu estava todo rosa. Naquele momento percebi que já estava completamente apaixonado por essa cidade extraordinária que tem um coração enorme: um coração do tamanho do Brasil!


* Este relato foi premiado no concurso cultural Época SÃO PAULO e Museu da Pessoa

 

3 comentários:

  1. Parabéns, lindo relato... eu, como carioca, sinto uma estranha atração por São Paulo também, ultimamente cada vez mais intensa. Tenho a impressão que o estilo de vida da cidade combinaria mais comigo, e fico com vontade de fazer o caminho contrário à minha mãe, que aos 18 anos veio de Sampa morar no Rio... quem sabe algum dia...

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  2. Reina Luna,
    Posso garantir que São Paulo surpreende sempre e o coração é do tamanho do Brasil!
    Muito obrigado pelas palavras amáveis.
    Um forte abraço carioca!

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  3. Muito legal,e engracado como nos momentos de descobertas sempre e uma paisagem que nos induz a concluir algo que sentiamos mas nao realizavamos no consciente. Marinella

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